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Capítulo 1 ~ A velha vizinha Na véspera do aniversário do Duda, à
noite, Harry esteve pensando em Hogwarts. Iria fazer quase um mês
que estivera longe, e ele ainda se encontrava vivo, na Rua dos Alfeneiros,
número 4. As notícias que corriam no jornal Profeta Diário
não eram nada aterradoras; Hermione mandava para ele sempre que
podia os jornais, e de preferência, via correio-trouxa. Naturalmente,
Harry a avisara para fazer isso, assim, seus tios não iriam reclamar
de nada. A última edição que recebera, da
semana passada, dizia que novos bruxos foram encontrados mortos. A maioria
das pessoas que viviam no mundo dos bruxos, naturalmente, concluíram
que Voldemort retornara, e não tardaria muito para a notícia
explodir por todos os cantos e o Ministro da Magia, Cornélio
Fudge, não conseguiria mais ocultar o fato. Aparentemente, a prisão de Azkaban continuava tranqüila,
não havendo nenhum indício de revolta em relação
aos dementadores. Harry sabia que eles também eram fiéis
servos do Lord das Trevas, e que, qualquer descuido, todos os bruxos
maus estariam à solta novamente. Guardando o jornal no envelope, Harry verificou as outras três cartas que recebera via coruja. Edwiges estava fora caçando ratos. Sozinho, Harry acendeu uma lamparina, para que a iluminação em seu quarto não ficasse forte, e abriu a primeira carta (que estava fortemente lacrada), deitando de bruços sobre a cama. "Harry Sirius." Harry dobrou a carta. Desapontado, ele pensava nas próximas
semanas - longas, para ser exato - que teria ainda que agüentar
os Dursley. Afinal, só em setembro que ele estaria indo para
Hogwarts. "Harry "Se Rony soubesse...", pensou Harry. Afinal,
ele mesmo que dera mil galeões aos gêmeos, e ficou satisfeito
em saber que o dinheiro estava sendo bem investido. A terceira e última carta estava dentro de um envelope azul. Harry não saberia dizer de quem era, se por acaso tivesse recebendo-a no ano passado. Ele desconfiava, mas preferiria não acreditar. No entanto, ele abriu e a releu umas dez vezes. "Caro Harry: Aquela carta fez Harry se sentir feliz. Ele havia mandado
uma para ela logo quando chegara na casa dos Dursleys, mas não
estava esperando que Cho realmente o respondesse. Rapidamente, ele pegou
um pedaço de papel, arrancando de um de seus cadernos mesmo e
uma pena, que estava no meio do baú onde ele guardara todo o
seu material. O dia clareava, e a luz do sol entrava pouco a pouco dentro
do quarto de Harry. Ele, que ficara mordendo a ponta da pena, pensando
no que escrever, nem percebeu que passara praticamente a madrugada inteira
rabiscando os papéis, até encontrar as palavras certas
para dizer a Cho. No fundo, ele sabia que estava enganado. Não era
necessariamente a apanhadora da Corvinal que estivera em seus pensamentos.
A cena do beijo que aconteceu em um dos corredores do castelo de Hogwarts
não lhe saía da cabeça. Por que ele fez aquilo? Pensou no que Hermione dissera.
É, se ele analisasse bem a situação, perceberia
que beijou Cho só para provocar Íris Avery. Harry não encontrou a sonserina na estação
King Cross, em Londres. Ele viu quando ela subiu no trem de braços
dados com Draco Malfoy. "Os dois são da Sonserina... Os dois são
filhos de Comensais. Eles se merecem...". Mas não era bem assim. Desde que Íris o
enfrentara na primeira vez, na Sala dos Troféus, ele nunca havia
imaginado o quanto essa garota entraria em sua vida. Nem quando eles
ficaram amigos, principalmente depois que enfrentaram Voldemort. - Harry! - a voz do tio Válter ressoou do andar
debaixo. - Acorde e desça imediatamente até aqui! O relógio de seu quarto (o velho de Duda, que tinha
quebrado, mas Harry deu um jeito de consertar) anunciava que eram ainda
sete da manhã. Era difícil os Dursleys acordarem tão
cedo, ainda mais nas férias. Arrumando um pouco os cabelos e ajeitando os seus óculos,
Harry desceu as escadas o mais rápido que pôde, e se surpreendeu
ao se deparar com enormes malas de viagem espalhadas pela sala. Tio Válter e tia Petúnia tentavam ainda
fechar uma das malas que estavam quase explodindo de tantas coisas que
estavam guardadas dentro. Duda, que estivera engordando mais ainda,
forçou um sorriso cínico para Harry. - Muito bem! - Válter se aproximou do sobrinho.
De frente para ele, Harry percebeu que estava um pouco mais alto que
o tio; mal notara que estivera crescendo mais ainda durante as últimas
semanas. - Prepare uma mala com roupas para uma semana que você
ficará na casa da Sra. Figg! Perplexo, Harry ainda olhava para as malas. Tia Petúnia
abraçava o gordo do seu filho com um certo receio da reação
de Harry. Porém, o garoto não conseguiu dizer nada. - Como presente de aniversário de meu filho, -
tio Válter alisou os bigodes - Eu o levarei para a EuroDisney.
Partiremos hoje à tarde para Paris e, dentro de uma hora, você
tem que estar com as suas coisas prontas, moleque! - Mas eu não posso ficar aqui? - sugeriu Harry.
- Sabe, eu... - ele sabia que não podia sair dali. E se a proteção
contra Artes das Trevas se que ele tinha se limitasse apenas para a
casa de seus tios? O pior de tudo, seria ter que passar uma semana dentro
da casa da Sra. Figg. - Quero dizer... eu não vou fazer nada... Os olhos do tio Valter transbordaram de raiva e indignação.
Tia Petúnia também lançou um olhar de desprezo
para o sobrinho. - Já falei com a Sra. Figg. - disse Petúnia
de repente. - Ela concordou em ficar com você durante uma semana.
Portanto, trate de apressar a arrumar as suas coisas que ddepois do
almoço iremos trancar a casa. Duda expressava vitória naquele rosto gordo e rosado.
Se Harry fosse que nem ele, provavelmente ameaçaria os Dursleys
de contar a Sirius a respeito disso. Mas seus tios não estavam
fazendo nada demais, e Harry pensou que seria até bom para ele
ficar longe deles durante uma semana. Mesmo ficando naquela casa com
cheiro de gatos, ele poderia se sentir um pouco mais livre para estudar
algumas matérias; pelo menos pensava isso. Decidido, subiu as escadas sem pestanejar, e resolveu
que iria escrever para Dumbledore, contatando-o a sua mudança
para a casa vizinha. Enrolou o pedaço de pergaminho para Edwiges,
que voltava naquele instante, e disse, antes dela sair novamente, em
um vôo rasante: - Quando voltar, eu não estarei aqui. Vou estar
na casa aí em frente. - Harry apontou da janela, mostrando a
sua coruja a casa da Sra. Figg. - Portanto, me entregue a resposta ali. Harry tratou de ajeitar em um malão alguns livros
da escola, a fim de adiantar alguma matéria lá, quando
a Sra. Figg não tiver mostrando as fotos dos seus gatos de estimação
que tivera no passado. Ele teve alguma dificuldade para descer as escadas mas,
por incrível que pareça, tio Válter o ajudou. Na
certa, ele queria se ver o mais longe possível do sobrinho. Deixando sua bagagem de lado, Harry foi almoçar
com os tios e o primo Duda, que comia um prato cheio de ovos e bacon.
Petúnia resolvera abrir uma exceção no dia do aniversário
do filho, esquecendo a dieta de legumes e verduras cruas. Bem, apesar
de pratos fartos, Harry se contentou com uma pequena porção
de arroz com uns pedaços cortados fininhos de cenoura. O sol brilhava forte naquele dia, e os raios solares ultrapassavam
o vidro da janela da cozinha, batendo diretamente no rosto de Harry.
Ele tentava pensar no lado positivo de estar longe dos Dursleys; conversaria
com a Sra. Figg para que o deixasse fazer a tarefa que o Colégio
St. Brutus (aonde os tios diziam que ele ficava durante o ano todo)
dera nas férias. Com certeza, ela deixaria; afinal, apesar de
ter um jeito meio esquisito, ela era uma boa senhora. O almoço fora silencioso, e as únicas coisas
que Harry ouvia era Duda reclamar que tinha pouca comida em seu prato.
Ninguém comentava nada sobre a viagem; pareciam que queriam que
Harry não soubesse de nenhum detalhe. Talvez temiam que ele pudesse
fazer alguma mágica para chegar onde estariam. Logo depois, Válter verificava todos os cantos
da casa, e levava as malas para o carro. Harry arrastava a sua para
o lado de fora, enquanto tia Petúnia passava a chave na porta
e seu primo Duda mostrava a língua de dentro do carro. Do outro
lado da rua, a Sra. Figg acenava abruptamente, e esperava na porta de
sua casa. Harry lançou um sorriso forçado, e percebeu
o quanto a sua velha vizinha possuía uma aparência cansada;
seus olhos azuis claros pareciam que era a única coisa viva e
forte nela. Arrastado pelo tio Valter até a casa da Sra. Figg,
Harry levava a sua enorme maleta, e procurava não se sentir incomodado
com a situação. Talvez valesse a pena ficar uma semana
na casa da Sra. Figg, longe dos Dursleys. Pensava toda hora no lado
positivo e, valia a pena comer bolos mofados durante uma semana, só
para poder estudar sossegado. - Olá, meu jovem. - a Sra. Figg cumprimentou. -
Fazia tempo que seus tios não o deixavam aqui em casa... - Ele está estudando fora, Sra. Figg. - Valter
se adiantou. - Só que, nessas férias, eu e minha família
temos outros compromissos que, infelizmente não podemos levá-lo. "Infelizmente?!", pensou Harry. - Tudo bem, eu compreendo. - a velha disse, com a voz
rouca. - Não há problema algum em deixá-lo aqui. Com o caminho livre, Harry se recusou a se despedir do
tio e entrou na casa malcheirosa. Não que a Sra. Figg não
limpasse ela, mas aquele lugar ainda fedia a gato! A última vez que ele estivera ali fora quando nem
sabia da existência de Hogwarts; imaginaria que as coisas a partir
daquele instante seriam diferentes. Era tedioso sentar no sofá
velho da casa e ficar ouvindo as histórias da carochinha da Sra.
Figg, ou então, as fotos que ela mostrava de todos os gatos que
teve na vida. A única coisa boa, talvez, era que ele podia jogar
xadrez com ela (embora as peças não se movessem sozinha),
e treinar algumas estratégias para conseguir ganhar uma partida
de Rony pelo menos uma vez na vida. A Sra. Figg mostrou o quarto onde Harry ia ficar. Ela
parecia bem simpática; e Harry não a culpava de nada,
principalmente se a casa estivesse empoleirada. Podia ocupar seu tempo
e arrumar o quarto, limpando até mesmo os outros cômodos
da casa. Teria uma semana livre, e se ocupar de tarefas domésticas
podia animar até a velha vizinha. A casa dela era como a de seus tios: um sobradinho simples,
mas com uma decoração completamente diferente. Se tia
Petúnia um dia entrara ali, teria torcido o nariz. As coisas
eram velhas, e o ambiente da casa era mais escuro. As camas possuíam
colchões rasgados, alguns tinham molas pulando para fora. O travesseiro
era velho, e assim que Harry colocou-o perto de seu nariz, resolveu
lavá-lo, antes de usá-lo. O duro foi quando ele chegou perto da máquina de
lavar-roupas e viu que, além de quebrada, ela estava enferrujada.
Teria que esfregar a suas roupas quando quisesse lavá-las também. Entrementes, a Sra. Figg o acompanhou naquele fim de tarde
até a venda mais próxima, e fez compras de alimentos para
durar pelo menos uma semana. - Você é um rapazinho muito gentil, Harry.
- ela disse, enquanto observava Harry guardar as compras. - Me admira
que uma pessoa como você tenha que freqüentar um colégio
como o St. Brutus. Harry não pode deixar de sorrir. Tinha dó
dela; uma senhora que vivia sozinha, sem ninguém para conversar.
Agora que ela não tinha nenhum gato circulando pela casa, a solidão
para ela era completa. Enquanto Harry preparava o jantar, a Sra. Figg assistia
televisão. O noticiário mostrava que os dias estavam escurecendo
mais cedo; e que o tempo estava estranho para ser uma época de
verão. Voldemort já deveria estar agindo de alguma forma,
interferindo o curso da vida das pessoas prosseguir normalmente. O céu estava bem escuro lá fora, quando
o arroz e as batatas estavam prontas. Harry estava acostumado a cozinhar;
embora há muito tempo ele não o fazia. Tia Petúnia
estava com medo que ele botasse fogo ou envenenasse a comida, e o proibiu
de chegar perto do fogão. Mas pelo que ele via, ainda não
tinha perdido a prática. Preparou tudo direitinho, e chamou a
Sra. Figg para jantar. Ela veio devagar, e sorrindo para ele. - Não sabia que sabia cozinhar, meu jovem. - E não sei. - respondeu Harry. - Apenas dá
para quebrar o galho. Tive que aprender, sabe... pelo menos para me
alimentar. Ela sorriu. - Sua tia deve saber cozinhar. Às vezes posso sentir
o cheio saindo lá de sua casa. - E.. a senhora? Não... cozinha? - Ah, meu jovem... - ela se sentou, pegando um pouco de
batata cozida que Harry havia feito. - Eu moro sozinha. Não preciso
saber cozinhar, pois ninguém provará a minha comida a
não ser eu. Harry sentou-se também. Começou a jantar
em silêncio; não tinha mais nada para falar. De vez em
quando, percebia a expressão de preocupação da
Sra. Figg, e ele gostaria muito de saber o que se passava na cabeça
dela. De repente, a campainha tocou. A Sra. Figg fez menção
de se levantar, mas antes que o fizesse, Harry a impediu, se oferecendo
para abrir a porta. Ele estranhou, pois a Sra. Figg não queria
deixá-lo atender, mas por ser insistente, ela acabou cedendo. Olhando para o relógio, Harry imaginava quem poderia
ser às oito horas da noite. Nunca tinha percebido se a Sra. Figg
possuía amigos que vinha visitá-la. Talvez seria apenas
o carteiro. Mas essa hora da noite? Caminhando pela sala, ele abriu a porta e seus olhos arregalaram
quando viu quem era. Vestida de trajes completamente trouxas, tipo calça
jeans, blusinha de malha e um tênis vermelho, com uma mochila
de viagem nas costas, Kehara Lies estava parada diante da porta.
*§*YuMi
DeAth*§* |
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