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Capítulo 2 ~ Entre Kehara e Harry - Potter?! A Profa. Lies estava paralisada. Boquiaberta, ela tentava
entender a situação. Harry não estava diferente;
ele queria saber o que a sua ex-professora de Defesa Contra Artes das
Trevas estava fazendo ali, parada diante da porta de entrada da casa
da Sra. Figg, a sua velha vizinha. - O que você está fazendo aqui? - Harry perguntou,
também surpreso. - Eu é quem deveria perguntar! - exclamou Lies.
Ela olhou em volta a Rua dos Alfeneiros. - Bem, talvez eu tenha me enganado
de casa. Desculpe. Lies já dava meia-volta quando a Sra Figg surgia
na porta, e a chamou: - Kehara! Ela virou-se imediatamente, e seu rosto se iluminou. - Mestra Arabella! - ela disse, e correu para abraçar
a Sra. Figg. A essa altura, Harry já nem sabia mais o que fazer:
se continuava quieto, ou se perguntava o que estava acontecendo. De
onde a Profa. Lies conhecia a sua vizinha? - Minha querida. - a Sra. Figg continuava a receber o
abraço de Lies, que era mais alta que ela. - Vamos entrar, que
não é bom a gente ficar aqui fora! As duas entraram, e a Profa. Lies acomodou-se no sofá.
Harry trancou a porta, e a Sra. Figg pegou alguns biscoitos que eles
tinham comprado naquela tarde, colocando na mesinha ao lado. Lies parecia
faminta, e abriu o pacote e começou a detoná-lo. - Vejo que está com fome! - a Sra. Figg comentou,
sentando-se ao lado de Lies. - Vocês... - Harry gaguejava.- Vocês... se
conhecem...? Lies permaneceu em silêncio. A Sra. Figg se manifestou: - Meu jovem Potter... Eu não queria que isso acontecesse,
e eu previa que quem estava chegando era sua ex-professora de Defesa
Contra Artes das Trevas. - A... a senhora... - Harry estava cada vez mais surpreso.
- ... Sabe que ela...? - Não só sei que ela foi a sua professora
em Hogwarts, como eu sei de tudo que se passa no mundo dos bruxos. Afinal,
eu pertenço a ele. Harry se jogou na cadeira mais próxima. Era só
o que faltava: ele tinha uma bruxa que morava do lado de sua casa o
tempo todo de não sabia. - Vocês gostariam de tomar chá? - Figg perguntou.
- Não... - Harry se adiantou. - Quero dizer... - Ele quer explicações... - disse Lies.
- Assim como eu também gostaria de saber o que ele faz na sua
casa! A Sra. Figg sorriu. Não pretendendo esconder mais
nada, ela puxou uma varinha que estava em seu bolso e apontou para a
velha lareira. Em um instante, ela se acendeu, aquecendo a casa. Depois,
olhou diretamente para Harry e disse: - Eu estou aqui desde que Dumbledore o deixou com seus
tios, quando bebê. - Então... o tempo todo... - Sim, jovem Harry. Eu estou aqui na Rua dos Alfeneiros,
e fui justamente encarregada de observá-lo; de protegê-lo.
- Meus tios não sabem disso... sabem? -Talvez sim, talvez não. - Figg meneou a cabeça.
- Dumbledore escreveu uma carta para eles quando o deixou na porta da
casa. Sugeriu que, quando não puder ficar com você, era
para trazê-lo até mim. Mas de forma alguma, eu não
poderia revelar quem era você, ou quem era eu. Dumbledore sabia
que você precisava ficar longe de todas as coisas do mundo dos
bruxos, até que estivesse preparado. "Mas, além de ficar aqui, disponível
quando seus tios o desprezasse, eu tinha a função de proteger
toda a área dessa rua, no caso de alguma Arte das Trevas resolver
se propagar." - Então... a senhora, o tempo todo... - Estava aqui apenas para protegê-lo. Aliás,
ainda o faço isso; fui encarregada de vigiar todos os cantos
da Rua dos Alfeneiros. Ainda mais agora, com o retorno do Lord das Trevas... Passando a mão sobre a testa, Harry tentava organizar
todas as suas idéias. Lies o encarou, mas sorriu em seguida. - Pode confiar na Arabella, Potter. - Lies disse. - Ela
foi uma das melhores professoras de Defesa Contra Artes das Trevas de
Hogwarts. Bem, é claro, depois de mim! - Eu vou preparar um chá. - ela falou, levantando-se
e caminhando em direção à cozinha. -Agora eu posso
usar a minha varinha sem preocupações. Lies encostou-se no sofá e cruzou os braços.
Ela olhava Harry diretamente, e ambos ficaram em silêncio por
um breve minuto. Até que a ex-professora se manifestou: - Então, Potter, você é o protegido
da Arabella Figg. Parabéns, você é bastante sortudo.
Eu não imaginava que essa estava sendo a missão dela agora;
nem mesmo nos tempos em que vivi aqui desconfiei disso. - Você viveu aqui? - Ah, sim. No tempo de minha recuperação.
Você devia ser ainda um bebê, Potter. Harry se ajeitou melhor na cadeira. - Nunca pensei que a Sra. Figg fosse alguém importante...
- ele falou, abaixando a cabeça. - Quero dizer, alguém
do mundo dos bruxos... E eu imaginando que ela fosse uma simples trouxa. - Ah, Arabella é uma bruxa muito boa. Ela tem qualidades
de uma verdadeira auror. - ela suspirou. - Mas quem me dera se eu fosse
uma... - Uma auror? - Uma trouxa. - Lies suspirou. - Sempre fui fascinada
pelo mundo dos trouxas. E o melhor de tudo, seria que eu não
teria passado por tudo que passei. Não saberia jamais da existência
de Voldemort, de Hogwarts, e... de Severo Snape. Harry franziu a testa. - Você gostaria de... não ter conhecido o
Prof. Snape? - Não, Potter... - ela escondeu seu rosto. Harry
teve a impressão de que ela estava chorando. - Preferiria não
tê-lo conhecido... a ficar sofrendo como estou... Harry não entendeu o que ela queria dizer. Afinal,
eles não se amavam? Não teve tempo para perguntar; logo, a Sra. Figg
trazia uma bandeja, com um bule de chá e um prato cheio de pedaços
de bolo. Ela colocou sobre a mesa e Lies, logo depois de enxugar rapidamente
o rosto, encheu uma xícara de chá e quase engoliu dois
pedaços de bolo de uma vez só. - Está com fome, hein, querida? - Figg comentou
com Lies novamente. Ela respondeu que sim com a cabeça enquanto
mastigava. Depois. A Sra. Figg olhou para Harry, que estava paralisado
em sua cadeira. - Não quer comer nada, meu jovem? - Estou sem fome. - o garoto respondeu. - Obrigado. - Entendo que pra você deve ser difícil acreditar
em tudo isso, não? Mas não se preocupe; Dumbledore lhe
explicará direitinho quando lhe mandar a resposta da carta que
você enviou hoje de manhã a ele. Harry arregalou os olhos. - Como... como sabe que escrevi a ele... hoje? - Ah, eu vi a sua coruja branca saindo da janela do seu
quarto. Deduzi que ficou apavorado em saber que iria sair da casa dos
seus tios, pois não sabia até onde ia a proteção
contra Artes das Trevas. Pelo jeito, a minha intuição
ainda funciona. Lies engoliu os bolos e sorriu. - A senhora sempre teve ótimas intuições.
- confirmou Lies. - Podemos dizer, previsões.. Ou, adivinhações! - Não gosto muito da arte de Adivinhação,
minha querida. - contrapôs a Sra. Figg. - É um ramo muito
impreciso da magia. Eu lembro que Minerva também tinha a mesma
opinião. - McGonagall? - disse Lies. - Ora, mas não é
somente ela que tem essa opinião. Muita gente acha isso. Eu não
gosto disso; parece que, quando alguém quer adivinhar algo, joga
a primeira coisa que lhe vem à cabeça. Lies e Figg ficaram mais de uma hora só conversando
sobre opiniões e estudos da Magia. Harry reparou que Lies não
disse qual o motivo que a trouxe até ali, e muito menos, a Sra.
Figg nem sequer perguntou. Ele, no entanto, de vez em quando opinava
sobre alguma coisa, mas não voltaram ao assunto que lhe diz respeito
à verdadeira identidade da Sra. Figg. Quando já era quase onze horas, a Sra. Figg disse
que precisava se deitar, mas perguntou à Lies se ela gostaria
de dormir em seu quarto. Recusou-se, e disse que preferiria ficar na
sala, perto da lareira. Dando boa-noite para todos, Figg subiu as escadas,
e a luz de seu quarto foi acesa. Harry foi logo atrás. Assim que ele deitara em sua cama, seus olhos se fecharam.
Mas ele não conseguiu dormir; estava em plena consciência,
e pensava no que ele acabara de saber. Por que, o tempo todo, a Sra.
Figg escondera a sua identidade? E Lies, por que desistira tão
levianamente de Hogwarts? Com certeza, não foi por causa de Snape. Foi o único momento que ele conseguira desviar
seus pensamentos de Íris e Cho. Estar ali, no quarto da casa
da Sra. Figg, longe dos Dursleys e ao mesmo tempo, correndo perigo de
ser atacado por Voldemort, de certa forma deixava Harry feliz. Pensou
nos primeiros dias em Hogwarts; a primeira vez que encontrou Hagrid,
a primeira vez que conversou com Rony, a sua primeira aula de magia.
Nem mesmo nos mais loucos dos seus sonhos ele imaginaria que estaria
em uma situação destas. Cansado de ficar deitado na cama, Harry levantou-se e
resolveu dar um pulinho até a cozinha, para tomar um copo d´água.
Já eram mais de duas horas da madrugada, e com certeza, tanto
a Sra. Figg quanto a Profa. Lies deveriam estar nos mais profundos dos
sonos. Ele andou vagarosamente pelo corredor, e descia as escadas lentamente.
Quando faltavam exatamente três degraus para pousar seus pés
no ambiente térreo da casa, ele ouviu uns murmúrios, que
vinham da sala, onde Lies estaria dormindo. Harry paralisou-se, e tentou
apurar os ouvidos para tentar descobrir o que estava acontecendo. - Ele nunca me amou. - Harry ouviu a voz de Lies. - Ele
sempre me tratou como se eu fosse... filha dele. É, ele me considera
como uma filha que ele nunca teve. - Não diga essas bobagens. - era a voz da Sra.
Figg. - Se você pensa assim, porque ele insistira que você
ficasse por lá, como você me disse... - Ele não quer me perder, eu sei. Mas ele só
sente carinho por mim. Ternura. E não amor. Harry sentou-se devagar no penúltimo degrau. Segurou firme o corrimão, e fez o mínimo barulho possível. Felizmente, quando o piso rangeu, a Sra. Figg espirrou
praticamente na mesma hora. - Como pode ter tanta certeza disso, Kehara? - perguntou
a Sra. Figg. - Ele sempre falava dela, mestra. Sempre. "Ela?", pensou Harry. "Ela quem?". - Toda vez... Era Lílian para cá, Lílian
para lá... - respondeu Lies, fazendo com que Harry se sentisse
incomodado. - Para ele, só Lílian existia. Aliás,
mesmo depois de morta e enterrada, ele só pensa nela. "Lílian... Lílian é o nome da
minha mãe..." - Isso não quer dizer que... - pronunciou-se a
Sra. Figg, depois de um longo silêncio. - Certa vez, - interrompeu Lies. - Eu fui até a
sala dele, depois que o período de aulas terminou. A porta estava
entreaberta, e me aproximei. Mas, antes de abrir, eu o ouvi sussurrando
o nome dela. Eu abri devagarinho a porta, e lá estava ele: olhando
sem sequer piscar para uma foto que segurava. Estava tão concentrado
nela que nem sequer sentiu a minha presença. E eu vi a foto:
era ele com Lílian, na época que os dois estavam namorando... Harry prendeu a respiração. Não podia
ser a sua mãe. Não, devia existir uma outra Lílian
em Hogwarts. Afinal, Lílian não é um nome incomum. - Eu lembro deles andando juntos pelos corredores de Hogwarts.
- a Sra. Figg disse. - Pareciam felizes juntos. Até o dia do
baile de formatura... - Ele ficou com raiva de mim assim que percebeu que eu
estava atrás dele. Escondeu a foto, e me chamou de intrometida.
Eu tentei conter as minhas lágrimas, mestra, mas não consegui.
Ele ficou constrangido com isso, eu percebi, e acabou me abraçando... - Isso prova que ele corresponde os seus sentimentos,
minha querida. - Não. Ele me pediu perdão depois. E disse
que não queria me ver sofrer, mas ele não é capaz
de alegrar-me. E me soltou, murmurando duas palavras que me perturbam
até hoje: "sinto muito". Sentado na escada, Harry sentiu o seu coração
apertar. Por que ele estava sentindo aquilo? Teria ele, pena da Profa.
Lies? Repentinamente, o silêncio domina a sala. Harry passou a ficar angustiado, e ouviu os abafados fungos chorosos de sua ex-professora de Defesa Contra Artes das Trevas. Deduziu que ela estava nos braços da Sra. Figg, desabafando toda a sua tristeza. Ele se sentiu como uma mosca que incomoda as pessoas enquanto dorme; era um momento tenso, e que só dizia respeito às duas. Esquecera-se até de sua sede e, no mais remoto dos silêncios, ele voltou para seu quarto. * * * Na manhã seguinte, Harry notou claramente os olhos
inchados de Lies, que se esforçava para esconder a sua tristeza.
A Sra. Figg ajudava-a, atraindo mais a atenção de Harry
sobre si, fazendo com que ele desviasse a sua concentração
na ex-professora de Defesa Contra Artes das Trevas. - Na época em que eu dava aula em Hogwarts, - a
Sra. Figg trazia ovos fritos para Harry, que não desgrudava o
olho de Lies. - Os tempos eram mais agitados. Decerto, sabemos que Voldemort
está de volta, mas ninguém tem uma prova concreta de seu
poder, além de vocês dois. - Essa demora.... - murmurava Lies de cabeça baixa.
- Não acha que ele está demorando muito para se manifestar? - Ele está esperando, minha querida. - respondeu
a Sra. Figg. - Esperando, Sra. Figg?! - Sim, Harry. Deve estar planejando algo mais, algo que
ele tenha certeza que vai funcionar. Ele sabe que Dumbledore vai juntar
todas as forças possíveis para impedir a dominação
dele sobre o mundo dos bruxos. E, apesar de tudo, ele ainda teme o poder
dele. Lies segurou-se firme na cadeira. Harry tentava imaginar
no que ela estaria pensando; seu olhar era triste e penoso. Ele teve
a impressão de que ela não estava muito interessada no
assunto sobre Voldmeort; e dissera aquilo somente para manter as aparências. - Hoje eu queria ir no mercado. - disse Harry de repente,
ainda encarando Lies. - Mas nós fomos ontem, Harry! - disse a Sra. Figg. - Eu sei. Mas queria que a Profa. Lies fosse comigo. Ela levantou os olhos e ergueu as sobrancelhas. - O quê?! - Lies pareceu confusa. - Por favor. - pediu Harry, tentando passar através
de seu olhar que a intenção dele era distraí-la.
Não sabia o que a Sra. Figg iria interpretar através disso;
pois ele tinha a certeza de que ela não sabia que escutara a
conversa da noite anterior. - Eu acho que até que seria uma boa idéia.
- disse a Sra. Figg, sorrindo, deixando Lies boquiaberta. - Faz tempo
que Kehara não passeia pelo mundo dos trouxas, não é
mesmo? - Mas, mestra... - Lies levantou-se, apoiando as mãos
sobre a mesa. - Isso significa que vamos sair da proteção
contra Artes das Trevas e... - O mercado não fica muito longe dali, minha querida.
E depois, você é capaz de defender o jovem Harry de Voldemort,
e... vice-versa, não é mesmo? Harry balançou a cabeça afirmando. - E além do mais, eu estarei aqui perto. E saberei
quando acontecer alguma coisa. Lies bufou. Parece que não lhe atraía a
idéia de ficar a sós cm Harry. O que ela mais queria era
permanecer sozinha, sofrendo sem ter ninguém lhe perturbando.
No entanto, ela cedeu, e logo à tarde, os dois estavam saindo
da Rua dos Alfeneiros, em direção ao centro da cidade
de Surrey. A Sra. Figg deu uma piscadela a Harry antes dos dois saírem.
Harry não entendeu o que ela quis dizer, pois nem sequer sabia
se ela havia entendido a sua intenção. Mas não
houve tempo para se preocupar com isso: em frente à calçada,
estava um carro Mitsubishi Eclipse preto, todo filmado, estacionado.
Lies, tirou a chave do bolso e desligou o alarme do carro, entrando
logo em seguida. Abismado, Harry fez o mesmo, mas não conseguiu
fechar a sua boca. - Aconteceu alguma coisa, Potter? - Lies perguntou, dando
a ignição no carro. - Não... - ele balbuciou, colocando o cinto de
segurança. - Não fique tão assustado. Eu tive que aprender
a viver com os trouxas... E sei dirigir muito bem! Ele esquecera até de acenar para a Sra. Figg. O
carro era também totalmente preto por dentro e cheirava a novo.
Os vidros eram todos automáticos, e não havia indícios
de estar enfeitiçado: era um carro complemente trouxa. Se seu
tio tivesse visto, ele rapidamente se simpatizaria com Lies, sem pestanejar.
Não era todo dia que se encontrava alguém andando com
um carro importado. Lies também estava produzida a rigor: uma calça
jeans preta e uma blusinha regata também preta. De óculos
escuro, ela seria o par perfeito para o seu padrinho Sirius. Saíram em alta velocidade em direção
ao centro, e Harry notou que a cidade estava bastante cheia. Pensava
no que poderia estar fazendo seus amigos Rony e Hermione naquele instante,
e tudo o que ele teria para contar a eles quando voltassem para Hogwarts. - Então, Potter. - Lies interrompeu o pensamento
do garoto, virando a próxima esquina e parando no estacionamento
do mercado. - O que quer falar comigo? Harry permaneceu em silêncio, enquanto Lies desligava
o carro e olhava para ele. - Afinal, para querer me arrastar até aqui, é
porque tem algo a me dizer. - Na verdade... - começou Harry. - Eu apenas queria
distraí-la um pouco... - Me distrair? - ela ficou surpresa. - Com o quê? - Bem... - Harry respirou fundo. Não sabia se devia
contar ou não sobre o que ouvira na noite anterior, mas ele precisava
tirar a história a limpo. - Eu ouvi a conversa de você
e da Sra. Figg na noite anterior... Por um instante, Harry pensou que sentiria a raiva da
ex-Deusa da Morte. Seja lá o que ela estava pensando, com certeza
não ficou brava com tal revelação. Ela apoiou-se
na janela aberta do carro e olhou o retrovisor, tirando os seus óculos
escuros e pousando-os no painel. Não encarou Harry diretamente,
mas disse: - Quer saber se a Lílian que estávamos falando
ontem era a sua mãe? Harry não respondeu. Ele esperou que ela virasse
para ele, mas continuou parada, sem mudar sua expressão. - Era sim, Potter... Era a sua mãe. Harry tinha passado a noite em claro pensando na possibilidade.
Ele lembrou-se do ano passado, quando enfrentara Voldemort e este dissera
a Snape sobre ter a sua vingança. Será que ele o odeia
por sua mãe ter se casado com seu pai e não com ele? - Arabella Figg notou a sua presença lá.
- disse Lies de repente, cortando os pensamentos de Harry. - Eu realmente
fiquei furiosa com isso na hora, mas compreendi que, uma hora ou outra
você teria que saber de toda a verdade. - Então, quer dizer que Snape me odeia porque... - É, mais ou menos isso. Severo namorou a sua mãe
por um tempo, pelo que fiquei sabendo. Mas Tiago, seu pai, sempre esteve
de olho dela. E um dia, parece que Severo e Lílian se desentenderam,
acho que devia ser por causa de ciúmes. Só que, no entanto,
seu pai acabou levando a melhor e no fim, eles se casaram. E por isso,
Severo se tornou um Comensal. Voldemort prometera que ele poderia ter
Lílian de volta. Ele, cego por vingança, acabou aceitando
ficar do lado do Lord das Trevas e no fim, deu no que deu. "Severo odeia você porque você é
o filho que devia ser dele. E não de Tiago." - Minha mãe era louca de namorar o Snape... Imagine,
como ela pode gostar dele e... Harry calou-se imediatamente. O que ele estava pensando?
Na sua frente estava a pessoa que mais amava Snape! - Me desculpe... - Harry pediu, envergonhado. - Eu... - Não, tudo bem. Não se preocupe com isso...
- ela sorriu. Harry tentou retribuir o sorriso. Afinal, ela foi legal
com ele por ter-lhe contado. Tantas coisas que ele deveria saber sobre
seus pais e ninguém tivera a façanha de falar para ele.
Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, até que
Harry tentou puxar mais uma conversa: - Acha que Snape não gosta de você? Lies surpreendeu-se com a pergunta. Mesmo assim, ela tentou
respondeu calmamente: - Não do mesmo jeito que eu gosto dele. - Eu não acreditaria nisso. Lies ergueu as sobrancelhas. - Como não? - Se ele realmente não gostasse de você desse
jeito, ele não teria ficado tão desesperado em salvá-la
quando a gente esteve naquela... naquela fortaleza, onde estava Voldemort
e os Comensais. Sabe, aquele dia que você quebrou o feitiço... - Ele... ele ficou desesperado? - Quase bateu em Dumbledore por ele não ter impedido
que você quase se matasse. Ele ficou realmente furioso. O rosto de Lies iluminou-se. Ela fazia força para
não demonstrar o sorriso que insistia em se formar nos seus lábios,
mas não adiantou. Porém, disse: - Não posso voltar para Hogwarts no estado que
estou. - ela olhou para as próprias mãos. - Por isso,
voltei aqui. Tenho que me recuperar totalmente, Potter, e sei que Arabella
me ajudará a fazer isso. Ainda necessito de conhecimentos avançados
e, quem sabe, eu possa voltar a dar aula para você! Harry não se conteve, e também sorriu. - Então... você vai voltar... - Quem sabe, Potter. - ela interrompeu, antes que o garoto
terminasse de falar. - Quem sabe... Lies abraçou Harry com toda a sua força,
e em seu ouvido, sussurrou: - Obrigada, Potter. Acho que podemos ser bons amigos daqui
pra frente. Harry não se conteve também e sorriu. - É acho que sim... - E você e a Avery, se entenderam? Harry olhou para Lies e reparou que ela estava sorrindo.
Envergonhado e sem jeito, ele perguntou: - Como... como assim? - Bem. - ela pousou suas mãos sobre os ombros de
Harry, olhando-o de frente. - Os boatos que correm por Hogwarts nem
sempre são... tão boatos, digamos assim. Você teve
muitos casos pelo que fiquei sabendo. - Isso é mentira! - Harry evitou olhar para a professora.
- Eu não tive nada com ninguém. E muito menos com Íris
Avery. - Vocês dois estão brigados, então? Harry permaneceu quieto. - Ora, vamos lá, Potter. Se abra comigo! Eu disse
a você o que queria tanto saber, e abri meus sentimentos. Agora,
eu tenho o direito de saber sobre os seus. Harry abriu a janela do carro. Não sabia se devia
contar ou não, mas seria justo se o fizesse. Mesmo sem jeito,
contou a Lies sobre os seus sentimentos em relação a Cho
Chang e a discussão que teve com Íris. - Bem... - ela disse. - Nesse caso, procure você
mesmo saber o que você sente. Quero dizer, você tem mesmo
vontade de se entender com Avery? - Acho que sim. Não queria ter brigado com ela.
A minha intenção era fazer as pazes com ela no último
dia, mas parece que ela não está nem um pouco afim de
olhar pra minha cara. - Por que você não tenta? - Tentar o quê? - Peça desculpas a ela. Aproveite quando sua coruja
voltar e mande uma carta. Se ela não responder, aí você
terá que procurá-la quando as aulas começarem. Abaixando a cabeça, Harry pensou. Já passara
essa idéia na sua cabeça, mas ele nunca havia recebido
o apoio de ninguém. Ter contado os seus sentimentos à
professora fora um grande alívio; agora ele dividia seus sentimentos
com alguém. - Bem, acabamos nem descendo do carro... - Lies disse,
ligando o motor novamente. - Vamos dizer à Sra. Figg que não
encontramos nada de bom no mercado. Se bem que, desde o princípio,
acho que a sua intenção não fora essa... Harry sorriu. Os dois partiram de volta para a Rua dos
Alfeneiros, e desta vez, com fortes laços de amizade. * * * Harry e Lies passaram o resto da tarde trocando idéias.
A Sra. Figg surpreendeu-se muito com a interatividade dos dois, mas
não comentou nada, até o jantar. Para o jantar, a Sra. Figg preparou um belo de um banquete,
bem parecido com aqueles de Hogwarts: frangos, bifes, ovos fritos, bacon,
e para completar, um delicioso suco de abóbora, quase parecido
com o da escola. Nunca imaginara que a Sra. Figg cozinhasse tão
bem; talvez porque ela necessitasse da varinha para isso, e nunca a
usava quando Harry nem sabia o que era Hogwarts. Lies também saboreava a comida com vontade, e piscava
para Harry de vez em quando. Figg devia ter percebido isso, pois ela
disse temperando uma deliciosa salada de legumes: - Parece que os dois fizeram uma bela amizade esta tarde...
- Nem tanto. - respondeu Lies, dando um gole do suco de
abóbora. - Apenas conversamos e descobrimos que podemos ser bons
amigos. Harry sorriu, confirmando. - Se eu voltar para Hogwarts ainda neste ano, foi por
causa desse garotão aí! - disse Lies, bagunçando
o cabelo de Harry com a mão. - Vai voltar para Hogwarts, querida? - Figg perguntou.
- Mas já? Você mal chegou! - Não posso ficar parada sem fazer nada. - Lies
respondeu. - Tenho uma vida pela frente, e nenhum bruxo das Trevas tem
o direito de tirá-la de mim! - Ora, pelo jeito, eu nem precisei gastar muita energia
para fazer você compreender isso, minha querida. E graças
ao jovem Harry Potter, que conversou com você em apenas uma tarde
a convenceu disso. Harry corou. - Bem, tenho pouco mais de um mês para recuperar
toda a energia que perdi e aperfeiçoar meus feitiços.
- disse Lies, olhando para a Sra. Figg. - Acha que a senhora é
capaz de... A Sra. Figg colocou a mão no queixo, pensativa.
Olhava de Harry para Lies, de Lies para Harry. Por fim, respondeu: - Não sei se serei capaz de cuidar do jovem Potter
e da senhorita Lies ao mesmo tempo... - Deixe Potter para lá! - sugeriu Lies, sorrindo
para o garoto. - Ele sabe se cuidar sozinho. Eu, não. A Sra. Figg riu e disse: - Se eu sou capaz de proteger a Rua dos Alfeneiros inteira
durante mais de quinze anos, sou capaz de cuidar de dois jovens irresponsáveis
sem nenhum problema. Harry acabou de tomar o seu suco e esvaziar o seu parto
quando a Sra. Figg e a Profa. Lies foram para sala. Enquanto ele tirava
a mesa, ele pensava o quanto seriam divertidas essas férias:
com uma nova vizinha que é bruxa e com uma nova amiga, que voltaria
a ser a sua professora de Defesa Contra Artes das Trevas.
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DeAth*§* |
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