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Capítulo 5 - De volta a Hogwarts Todos presentes que estavam na Toca pareciam que estavam
esperando a chegada de Harry. O Sr. Weasley conseguiu um carro emprestado;
outro Ford Anglia (Harry pensou que todos do Ministério apreciavam
esse carro, já que havia milhares deles estacionados no subsolo
do prédio). O trânsito estava tranqüilo, e Harry notava
nitidamente a preocupação do Sr. Weasley em ficar atento
ao longo da estrada; ele estava ciente que, ao lado dele, estaria correndo
perigo. Era como se, a qualquer momento, pudesse aparecer de repente,
um Comensal da Morte. Os dois conversaram pouco; às vezes, o Sr. Weasley
perguntava de alguns objetos que os trouxas usavam, embora sua voz saísse
desanimada. Quando finalmente estava em frente da Toca, a Sra. Weasley
vinha correndo em direção deles; logo atrás, vinha
Rony, Hermione, os gêmeos Fred e Jorge, e Gina. A notícia de que Harry e Rony iriam voltar para
Hogwarts um pouco mais cedo do que todos, não só abalou
a Sra. Weasley, como os gêmeos também. - Por que eles podem voltar e nós não? -
reclamava Jorge. - Sinto muito, meus filhos, mas consegui a autorização
apenas de Rony para acompanhar Harry. - o Sr. Weasley fechava o carro
cautelosamente, enquanto a sua mulher lhe ajudava a carregar suas coisas. Hermione acompanhou os dois garotos até o quarto
de Rony; eles haviam recebido todas as informações e explicações.
Por ora, Hermione fazia cara de indignação; no fundo,
ela queria muito ir e aproveitar esse tempo antes do início das
aulas para ler alguns livros na biblioteca. Mas concordou em não
poder, já que os alunos, no período das férias
de verão não eram permitidos permanecer em Hogwarts. - Imagine só, Harry! - Rony falava, enquanto jogava
suas vestes para dentro de sua mala. Harry estava sentado, esperando
o amigo; pois sua mala já estava feita. - Hogwarts inteira, vazia!
Somente para nós! - Vocês e os professores! - corrigiu Mione. - Creio
que vocês estarão sobre vigilância constante. Ainda
mais Harry, que corre perigo. Você-Sabe-Quem o persegue. - Puxa, Mione, como você é estraga-prazeres!
- Rony retrucou. - Daqui a pouco você vai me dizer que teremos
como guarda-costas o Snape e o Filch ! - Bem que podia. Assim vocês não aprontavam
nada que arriscassem as suas vidas! Hermione continuava a discutir com Rony. Mal sabia ela
que Harry nem estava dando atenção; sua preocupação
não era com a perseguição de Voldemort e seus Comensais
da Morte. Pensava em Sirius, e se perguntava se o Lord das Trevas também
o perseguia. O seu padrinho não estava só fugindo de Voldemort,
como também de todo o Ministério da Magia. Outra coisa que estava lhe intrigando era querer saber
a quem o Prof. Lupin estava substituindo. Será que seria Sirius
mesmo? Ou talvez, qualquer outro professor de Hogwarts. Mas apenas Snape
sabia da inocência de Sirius. Quer dizer, ele sabia que Sirius
era inocente, mas não aceitava esse fato. Será que Dumbledore
também confia na Profa. McGonagall e que ela também sabe
de Sirius ser inocente? Não estava encontrando nenhuma possibilidade
de uma outra pessoa ser de confiança de Dumbledore, se não
fosse algum professor de Hogwarts. Com as malas feitas, essas dúvidas continuaram
fixas em sua mente, mas em silêncio. Não comentara nada
com Rony e Hermione; ele deu a entender que a pessoa de confiança
do diretor fosse Lupin. Ambos ficaram muito felizes ao saber de que
Lupin estava bem, mas depois ficaram desapontados pelo fato dele não
voltar a dar aula. - Ele disse que o cargo já estava ocupado? - Hermione
perguntou a Harry, enquanto descia as escadas atrás dos dois
garotos, que arrastavam as suas malas. - E disse quem seria? - Não. Acho que veremos no dia da cerimônia
de seleção, não é mesmo? - Deixem as malas aqui embaixo! - o Sr. Weasley pediu,
lá do último degrau da escada embaixo. - Levarei vocês
até a estação amanhã cedinho. Descansem
um pouco, o trem de vocês irá partir às oito em
ponto. Harry e Rony largaram suas malas na sala, para depois
se jogarem no sofá, cansados. A Sra. Weasley trouxe um pratinho
cheio de salgadinhos e petiscos e depositou em cima da mesinha ao lado
do sofá. - Acho que você ainda não jantou, Harry!
- a Sra. Weasley sorriu para ele. - Trouxe esses salgadinhos para você.
Preparei alguns lanches também para você e Rony levarem
e comerem durante a viagem. - Obrigado. - Harry agradeceu. - Mas não precisava.
- Você precisa se alimentar bem, querido! - ela
dizia. - Vou ao Beco Diagonal semana que vem com as meninas e compraremos
o material de vocês. Fred e Jorge estão encarregados de
levarem e entregarem aos dois no primeiro dia de aula. Ela saiu em direção à cozinha, deixando
os três sozinhos na sala. Os petiscos da Sra. Weasley nem foram
tocados; nenhum deles estavam com fome, e Harry, menos ainda. Fred e
Jorge chegaram alguns instantes depois, e eles acabaram com todos os
salgadinhos. Sentaram-se com os três e jogaram Snap Explosivos,
enquanto conversavam bastante. - Eu queria estar no seu lugar, Harry! - Fred comentou.
- Imagine, uma semana inteira para poder vasculhar a escola, sem ninguém
para atrapalhar! - É, daria para preparar algumas coisinhas de boas-vindas
para todos os alunos... - Jorge sugeria. - Principalmente para os alunos
da Sonserina. Houve uma explosão de risos. Isso animou um pouco
Harry, que esteve pensativo durante o dia todos. - Onde está Percy? - ele perguntou, de repente. - Ele está no quarto dele. - Fred respondeu. -
Voltou um pouco mais cedo que vocês, mas estava acabado. Chegou
quase capotando de sono e cansaço. - Eu ainda preferia quando ele trabalhava pro Sr. Crouch.
- Jorge completou. - Pelo menos naquela época, ele ainda falava
com a gente. Agora, ele mal olha para a nossa cara. Se falar um "oi"
já é muito. - Meninos! - a Sra. Weasley aparecia de novo na sala.
- E Hermione. - ela completou, quando viu a garota, que sorriu. - Já
passa da meia-noite, e vocês tem que dormir! Gina e Percy já
está na cama há muito tempo, vocês também
deviam estar! - Gina sempre dorme cedo! - reclamou Rony. - E Percy estava
cansado demais, e por isso foi dormir também. - E você, Rony, - ela lançou um olhar de
raiva para o filho, - deve acordar cedo amanhã, junto com Harry!
Por isso, os dois tem que ir dormir. Todos subiram em direção aos seus quartos; Hermione já bocejava e Fred e Jorge ainda pareciam acesos demais para dormir. Rony estava cansado também e algumas vezes, ele disfarçava para bocejar. Harry não estava com sono; ele voltou aos seus pensamentos de tudo o que aconteceu naquele dia: o ataque dos Comensais, a reunião, e a decisão de que ele iria voltar para a escola antes que as férias terminassem. E ele quase fugira da Toca também. Quem iria imaginar que estaria mesmo arrumando as malas para realmente sair dali? * * * A noite passou muito rápido. Rony dormiu profundamente; logo que deitou em sua cama, já podia-se ouvir seu ronco. Em compensação. Harry nem fechou os olhos. O sono não lhe veio; ele esteve pensando muito no dia anterior. Como tanta coisa pôde ter acontecido naquele dia? Mal chegara na casa dos Weasley, e já estava partindo. Somente quando a Sra. Weasley bateu na porta do quarto
que Harry voltou à realidade. Já era mais de seis horas,
e Rony se mexia na cama e murmurava algo como "mais cinco minutos".
- Rony, acorda! - a Sra. Weasley entrou no quarto e agora
cutucava o filho. Harry já estava de pé, e não
estava com marcas de uma noite não dormida. Ainda estava aceso
e sem sono. - Harry! - a Sra. Weasley olhou para ele. - Tenho que
preparar o café da manhã para vocês. Se Rony não
levantar, você pode acordar ele pra mim? - Claro! - respondeu. - Pode ir tranqüila. Depois de ter sacudido o amigo milhares de vezes para
acordá-lo, Harry foi tomar um banho, enquanto Rony arrumava seu
quarto. Voltou ao quarto já trocado e notou que Hermione, com
cara de muito sono e vestida com seu robe rosa, estava sentada ao lado
da cama, mais bocejando do que conversando com o amigo. - Bom dia, Harry! - disse Hermione, em meio aos seus bocejos
de sono. - Vou indo me trocar, pois eu irei com vocês até
a estação. - Sacrificar preciosas horas de sono pela gente? - Rony
ironizava. - Estou até emocionado. Recebendo cara de desaprovação da amiga,
Rony se hesitou em rir. Harry apenas sorriu e acenou com a cabeça.
Rony se dirigiu ao banheiro, e Harry guardava seu pijama em uma sacola
que levaria até a sala, aonde colocaria na sua mala. Na sala, Harry pode ouvir as vozes do Sr. e da Sra. Weasley,
que conversavam em um tom de voz bastante diminuído. Ele teve
a impressão de que eles quase cochichavam um no ouvido do outro.
Harry deu um passo à frente, ficando um pouco afastado da porta
e se escondendo, encostando-se na parede. - Mas Arthur, acha que isso vai adiantar? - a Sra Weasley
falava, bastante preocupada e desconfiada. - E Harry sabe disso? - Creio que não, Molly. - a voz do Sr. Weasley
ressoou bastante baixa; fazendo Harry apurar os ouvidos para tentar
escutar melhor. - Todos sabem quem é ela. Ou quem ela foi. Seja
como for, tem a confiança de Dumbledore. - Isso é muito arriscado. Eu não aprovo
isso. Se dependesse de mim, Harry e Rony não iriam agora para
Hogwarts. - Não se preocupe, querida. Harry e Rony estarão
sob os olhos de todos os professores, sem contar Dumbledore. - Dumbledore tem pessoas muito estranhas para confiar...
Ele confia em... em... Sirius Black! - Molly, querida, Dumbledore me contou a história
de Sirius Black. E Harry sabe melhor do que ninguém que ele é
inocente. O único problema, é que não temos nenhuma
prova que possamos inocentá-lo. - Não acredito nessa história de que ele
seja inocente. Milhares de pessoas, bruxos e trouxas, viram ele matando
o tal Pedro Pettigrew e todos os outros. Ainda tenho medo ele. - Não há o que temer. Pelo menos, sabemos
que ele está do nosso lado. Harry recordou-se então do ano passado, que Sirius
aparecera na frente da Sra. Weasley, na ala hospitalar. Lembrou da expressão
de surpresa e medo que vira no rosto dela. Soube também que Dumbledore
esclarecera tudo o que aconteceu com Sirius para ela e para Arthur Weasley.
Embora ambos tenha achado a história absurda, consentiram que
ele estava lado deles. - Harry? - Rony chamou o amigo, quando o avistou colado
de costas na parede, chamando a atenção de seus pais,
que cessaram a conversa. Harry teve que sair de seu "esconderijo" e aparecer
para os pais de Rony. Rony, que percebeu que fez alguma coisa errada,
ficou quieto durante todo o café da manhã, mesmo quando
Hermione apareceu, vestida normal e com cara de muito sono. - Tem certeza que quer ir, Mione? - Harry perguntou, ao
ver a amiga mastigar a torrada de olhos fechados. - Você parece
que está... com sono! - Vou sim, Harry! - ela abriu os olhos vermelhos e forçava
para mantê-los assim. - Isso que é amizade! - exclamou o Sr. Weasley.
- Não precisa se preocupar com eles, eu os levo são e
salvos até a estação. - Eu sei, Sr. Weasley. - ela pôs mais geléia
em sua torrada. - Mas eu quero ir mesmo, não se preocupe com
o meu sono. Todos terminaram o café da manhã reforçado;
Jorge, Fred e Gina apareceram de pijamas, com a mesma cara de sono que
Hermione estava e se despediram de Harry e Rony. Harry sentiu a falta
de Percy, e o Sr. Weasley disse que ele saiu de casa mais cedo para
trabalhar. - Imagine a disposição dele para ir para
o Ministério logo de manhã cedo... - Rony comentou. Harry recebeu um forte abraço da Sra. Weasley,
e muitos conselhos que diziam para se cuidar, estar sempre atento e
tomar muito cuidado com os outros ataques que poderiam acontecer. - Meu coração ficou na mão quando
soube do ataque na estrada, Harry! - ela disse. - Por que não
contou antes para a gente? Fiquei tão apavorada e com tanto medo
de que Você-Sabe-Quem quisesse atacá-lo de novo. - Em Hogwarts estarei seguro, Sra. Weasley! - ele a abraçou.
- E obrigado por tudo. Hermione já estava no banco de trás do Ford Anglia e "pescava" inúmeras vezes. As bagagens estavam dentro do porta-malas, e Harry havia colocado a gaiola de Edwiges na frente. Ela estava dormindo e, em algumas vezes ela acordava por causa do barulho ou do movimento. O carro já estava sendo ligado e logo, eles estariam na Estação King Cross. * * * A estação não estava muito movimentada
naquele dia; talvez porque era um horário muito cedo para a partida
de trens. Por isso, eles tiveram que ter bastante cautela ao se dirigirem
à plataforma nove e meia. Já na plataforma, Harry olhou o relógio
e viu que ainda faltava dez minutos para as oito horas. Ele e Rony correram
para guardar as bagagens em uma cabine do expresso de Hogwarts e voltaram
rapidamente para a plataforma, para poderem se despedir do Sr. Weasley
e de Hermione, agora, mais acordada do que antes. - O trem está vazio! Acho que só tem nós
nesse vagão... - Rony comentou. - Eu me arrisco a dizer que o trem inteiro é apenas
para vocês, meus jovens! - o Sr. Weasley falava, ao mesmo tempo
em que examinava minuciosamente o grande trem vermelho que estava parado
na plataforma nove e meia. - O trem inteiro? - Harry espantou-se. - Ora, acho que ninguém vai a Hogwarts quase duas
semanas antes das aulas começarem. - Mione antecipou-se. - Pode
ser que ele esteja partindo agora apenas para vocês, a pedido
de Dumbledore. - A gente podia pegar um trem que vá até
Hogsmeade, não? - Rony sugeriu. - Assim, a gente podia dar umas
voltas por lá, antes de seguir para Hogwarts! - Nem pensar! - o pai dele retrucou. - Dumbledore foi
bem claro: os dois devem ir diretamente para Hogwarts. E eu concordo
com ele, devo dizer. Há mais chances de Você-Sabe-Quem
atacá-los em Hogsmeade do que na escola de vocês. Rony abaixou a cabeça, desapontado. Harry sabia
que o Sr. Weasley tinha razão. Era melhor fazer assim mesmo;
pois assim, o único momento que ele se sentiria desprotegido
é durante o caminho da escola. Quando o relógio apontou que faltava apenas dois
minutos para a partida, eles começaram a se despedir. Hermione
deu um forte abraço em Harry e, do mesmo jeito que a Sra. Weasley
fez, ela deu os mesmos conselhos. Depois, abraçou o Rony e falou
também a mesma coisa. Harry recebeu cumprimentos do pai de Rony e este, também despediu-se do filho. Entrando no trem, eles ainda acenavam um "tchau". O trem soltou uma fumaça e um barulho que podia ser ouvido de longe. Ele já estava começando a andar, quando Harry percebeu Hermione e o Sr. Weasley caminhando até a passagem, que os fariam voltar para a estação King Cross e as plataformas nove e dez. * * * A viagem também transcorreu tranqüila; a cicatriz
de Harry estava bem longe de chegar a doer e, tanto ele como Rony estavam
se divertindo muito, tendo o vagão inteiro somente para eles.
Harry comprou todos os docinhos mágicos e dividiu com o amigo;
ambos estavam se sentindo agora muito alegres e despreocupados com tudo. - Harry, Hogwarts inteira somente para a gente! - Rony
dizia, enquanto mastigava inúmeras balinhas coloridas e desembrulhava
um dos sapos de chocolates. - Podemos fazer várias coisas, e
os professores não podem descontar pontos da nossa casa; as aulas
ainda nem começaram. - Pois é! - Harry abria a embalagem dos feijõezinhos
de todos os sabores. - Embora eu ainda tenha que terminar a redação
do Snape! - Putz! - Rony bateu a palma da mão em sua testa.
- Eu também não terminei. - Mas vai ser mais fácil terminarmos lá;
temos a biblioteca apenas para a gente e podemos pesquisar tranqüilamente. - Isso é verdade! Eu só espero que o Snape
não resolva ficar nos vigiando para ver se escrevermos a redação
direitinho como ele quer. Estavam discutindo tão distraidamente que nem perceberam
que, quando o trem parou; sentiram que a viagem foi muito curta. Os dois pegaram as suas malas e desceram do expresso.
Do lado de fora, Hagrid estava os aguardando. - Hagrid! - Harry e Rony exclamaram, ao mesmo em tempo
que eles largava as suas malas no chão e abraçavam o gigante. - Tudo bem com vocês? - Acho que sim! - respondeu Rony. - É meio estranho vir aqui em Hogwarts quando não
há ninguém... - comentou Harry, olhando à sua volta.
- Está tão... vazio! - Sim, mas lembre-se que o castelo ainda está habitado
pelos professores e fantasmas! - riu Hagrid. - Não está
tão vazio assim. Bem, - ele pegava as malas dos garotos, sem
nenhuma dificuldade. - Vamos andando. Dumbledore espera por vocês
dois. Os dois seguiram o guarda-caça sem pestanejar.
Eles olhavam ao redor, examinando o ambiente silencioso e o sol que
refletia fortemente; estava fazendo muito calor e ambos, transpiraram
tanto no caminho que, quando ainda estavam na metade, sentiam as blusas
molhadas. Depois de algum tempo, finalmente eles chegaram à
entrada do castelo. Continuava a mesma coisa, com uma única diferença:
ela estava vazia. Quando a porta se abriu, um rugido horrível
fez com que Harry e Rony fechassem os olhos e tapassem os ouvidos; com
o salão vazio, completamente deserto, a porta produzia aquele
ruído arrepiante. - Certo, garotos! - exclamou Hagrid, que se dirigia para
a torre do Norte, em direção a Grifinória. - Acho
que vocês sabem o caminho até a sala de Dumbledore, não?
- ele deu uma piscadela. - Tenho que levar as suas bagagens até
seus dormitórios. Ah, a senha para a sala do diretor é
"Abóbora Caramelizada". Até! Hagrid foi subindo as escadas, seguindo em direção
oposta aos garotos. Eles caminhavam pelos corredores isolados de Hogwarts
e, por sorte, não encontrar ninguém no caminho; nenhum
professor e nenhum fantasma. E, para melhorar ainda mais a situação,
não se depararam com Pirraça, o poltergeist da escola.
- Não acha estranho, Harry? - Rony indagou, ainda
andando em direção à sala de Dumbledore. - Ninguém
por perto, nenhuma movimentação... nenhum professor andando
por aqui... e nem mesmo Filch e aquela gata nojenta! - O que você quer dizer com isso? - Será que ninguém sabe da nossa vinda?
Pois eu acho que, se soubessem, na certa eles iriam nos receber ou algo
assim.. - Vai ver eles estão viajando... - Pode ser. - Rony coçou a cabeça. - Eu
sempre me perguntei aonde os professores costumam passar as férias...
Imagine só, eles na praia e tudo mais... - Não, Rony! - Harry ria. - Imagine a Profa. McGonagall
com trajes de banho! - Essa é boa! - Rony caiu na risada, chegando até
a parar de andar. - Se bem que, eu também não iria achar
legal ver o Snape surfando! Os dois aumentaram mais ainda as suas risadas. Elas ecoaram
forte pelos corredores desertos e, quando estava retomando o seu fôlego,
ouviram uma voz fria e letal atrás deles: - Muito interessante... Quer dizer que o Sr. Potter e
o Sr. Weasley agora estão passando as férias de verão
aqui em Hogwarts! Os garotos viraram-se para trás e encontraram o
Prof. Snape os encarando com a sua habitual expressão cínica
e um sorriso malicioso formado em seus lábios. Vestia com as
mesma vestes negras e estava com o mesmo cabelo oleoso de sempre. - Então, não se satisfazendo em aprontar
durante o ano todo aqui na escola, resolvem apossar-se dela quase duas
semanas antes do início de um novo ano letivo. - Estamos aqui por intermédio de Dumbledore! -
resmungou Rony. - Não diga coisas de que eu já sei, Weasley!
- rosnou Snape. - Eu sei muito bem o porquê estão aqui.
Aliás, o porquê dizem que vocês estão aqui... - Olhe, professor! - Harry o encarou. - Temos que ir à
sala do Prof. Dumbledore imediatamente, ele está nos aguardando
e... - Vocês não pareciam estar com pressa há
um segundo atrás. - interrompeu Snape, contorcendo seu rosto
e olhando fixamente para os olhos de Harry - Pareciam estarem bastante
animados comentando sobre a ausência dos professores... Já
estavam achando que poderiam sair por aí fazendo o que quiserem
no castelo, não é mesmo, Weasley? - e olhou para Rony.
- Creio que vocês não estão muito interessados em
saber o que o diretor pensa... Estão aqui apenas por diversão. Os dois ficaram calados. Apenas encaravam o professor
de poções com olhares de fúria e ódio. Certamente,
ele estava esperando que algum deles explodisse de raiva, e tivesse
motivo para lhes aplicar detenção mesmo fora do período
de aulas. - E então... - Snape cruzou os braços, sério.
- Eu acho que fiz uma pergunta aos senhores e seria muita falta de educação
senão me responderem. - Harry Potter? - uma voz feminina ecoou do outro canto
do corredor. Harry e Rony olharam para os lados e tiveram uma visão
de uma garota aparentemente jovem; cabelos negros lisos e compridos,
que brilhavam com a luz do sol que entrava através das janelas
do corredor. Suas vestes negras eram parecidíssimas com a de
Snape; exceto pelos decotes e o fato delas não terem mangas,
dando o toque feminino; lembrava-se muito de um vestido preto de gala.
Seus olhos azuis expressavam admiração e surpresa ao mesmo
tempo; Harry logo percebeu que a garota estava olhando diretamente para
a sua cicatriz. - Então, Dumbledore não estava mentindo
mesmo! - ela continuou, ignorando os olhares de confusão dos
garotos. Snape permaneceu imóvel, sem expressar qualquer surpresa
perante o aparecimento dessa jovem. - Ele disse que o famoso Harry Potter
viria aqui para Hogwarts antes do ano letivo iniciar. Ela se aproximou e ficou mais perto dos garotos. Não
era muito alta, era apenas alguns centímetros mais alta que Harry,
praticamente da mesma altura de Rony. Tinha olhares maliciosos e irônicos
que foram dirigidos logo depois para o Prof. Snape. - Pelo visto, já receberam as boas-vindas! - e
sorriu sarcasticamente. - Eu, pelo menos, ficaria muito feliz em ser
recebida pelo professor mais mal-humorado que existe em Hogwarts. Rony fez força para não rir. Harry sorriu,
mas não teve coragem de voltar a olhar para Snape e ver a sua
reação. - O que pensa que está fazendo aqui, Srta. Lies?
- a voz imutável de Snape atravessou as risadas de Rony, abafando-as.
- O que eu estou fazendo aqui? - agora ela falava ironicamente;
Harry por alguns instantes, lembrou-se de Draco Malfoy. Ela tinha praticamente
o mesmo jeito dele; sua voz saiu bastante arrastada. - Oh, Sr. Snape,
acho que por acaso, eu trabalho aqui, não? Snape tentou balbuciar algumas palavras, mas de sua boca
nenhum som foi emitido. Seus lábios crisparam-se de raiva e,
por um momento, Harry teve dúvidas quanto a tal Srta. Lies: ou
ela era bastante corajosa para desafiá-lo daquela maneira ou
ela era completamente louca. Snape estava ficando enraivecido e Harry
estava temendo o que o professor poderia fazer. - A Srta... - Rony pronunciou-se, atraindo a atenção
de todos, inclusive de Snape. - ... trabalha aqui? Aqui em Hogwarts? - Não, querido... - ela forçou um sorriso.
- Quando eu quis dizer que trabalhava aqui, eu quis dizer que trabalhava
em outro lugar! - e bufou. - Mas é claro que eu trabalho aqui
em Hogwarts, estamos em Hogwarts, até aonde a minha informação
e senso de direção chegam! Rony corou levemente. Nunca tinha "levado um fora"
daquele jeito por alguém na frente de Snape, ele não conseguia
ter nenhuma reação perante isso. Harry, percebendo isso
e vendo que o clima estava ficando pesado, disse: - A Srta... Lies, não é mesmo? Bem... A
gente nunca tinha a visto antes... - É... - ela cruzou os braços e olhou para
cima, como se estivesse tentando lembrar-se de algo. - Isso quer dizer,
no mínimo que eu sou recente por aqui... não é
mesmo... - e seus olhos se fixaram nele de repente. - ...Sr. Harry Potter? Harry começou a ter uma antipatia pela Srta. Lies
que ele jamais pensou em ter com qualquer outra garota. Não sabia
quem era ela e o que estava fazendo ali; ele só sentiu na pele
que ela era muito insuportável; na certa, ela devia ter sido
da Sonserina, se é que ela estudou ali. Ou se ainda não
fosse aluna. Tinha o mesmo gênio de Draco e Rony chegou até
a achar que ela fosse fã ou algo parecido do professor de poções;
na mais absurda das hipóteses, ela estaria tentando ser mais
horrível do que Snape. - Ora, mas acho que estou tomando o tempo de vocês,
garotos... - a Srta. Lies respirou fundo e sua voz ressoou mais calma
e meiga. - Sei que Dumbledore os aguarda, e acho que estão atrasados...
- ela caminhava na direção de Snape e parou ao seu lado.
Olhou para o professor e disse: "Quero que você saiba, Sr. Snape, que eu tenho
tanto direito de passear pelos corredores do castelo quanto você.
Coloque-se no seu lugar, pois você não passa de um tolo
amargurado!". - Saia daqui, Srta. Lies! - Snape respondeu friamente,
sem olhar para ela. - Antes que eu me arrependa de estar deixando você
sair ilesa. Ela olhou para o professor e seu rosto chegou a se desdobrar
de tanta raiva. Entretanto, não respondeu mais nada e continuou
andando até o fim do corredor, dobrando à direita e desaparecendo
de vista. Neste meio intervalo, Snape ainda encarava os garotos seriamente,
sem mover sequer um dedo. Seus olhos pareciam tão distantes e
pertos ao mesmo tempo, que Harry e Rony não atreveram a se mexer.
- O que vocês ainda estão fazendo aqui? -
o diretor da Sonserina agora parecia raivoso. Sua voz demonstrou indignação,
e fez com que os dois ficassem apreensivos. - Dumbledore os espera!
Vão, andem logo, antes que eu apliquem uma detenção
em vocês por desobediência aos alunos! Mesmo que seja antes
do ano letivo começar. Saiam! Eles deram nos ombros e voltaram a caminhar em direção
à sala do diretor; desta vez, silenciosamente e sem comentar
nada e nem dar asas às imaginações férteis
para evitar desentendimentos. Não repararam no professor, que
deu as costas e saiu atrás da Srta. Lies, antes mesmo de vê-los
entrando no próximo corredor à direita. Em meio a tudo isso, Harry sentia muita antipatia pela
Srta Lies; mas também, sentia uma onda de curiosidade em saber
quem era ela. Achou esquisito o modo de como ela e Snape se trataram,
mas tentou não pensar muito nisso. Ele olhou para um gárgula
de pedra, que se afastou do caminho assim que Harry disse a senha para
a sala de Dumbledore. <<Voltar para o capítulo anterior *§*YuMi
DeAth*§* |
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