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Capítulo 1 ~ Na casa dos Dursleys Harry acordou em um salto. Olhou em volta de seu quarto
e, tateando a sua cabeceira, ele encontrou os seus óculos. O
relógio mostrava que ainda era de madrugada. Faltavam poucos
minutos para duas horas, e sentiu-se um tanto... suado. Estivera transpirando a noite toda, embora não
desconfiasse o motivo disso. Não conseguia lembrar-se de seu
sonho, se é que ele havia sonhado. A sua respiração
estava descompassada, e ele puxava o ar com todas as forças que
tinha. Passou com as mãos por cima de sua cicatriz em
forma de raio. Não estava doendo. Isso fizera com que se preocupasse
menos; não sonhara com Voldemort. E também não
sentia que ele estava por perto. Percorreu com os olhos para os lados e viu a gaiola de
Edwiges vazia. Provavelmente, devia ter saído para caçar,
pensou Harry. Sua coruja branca estava adquirindo hábitos esquisitos
desde que voltara para a casa de seus Dursley. Certa vez, ele saíra
durante a noite, e somente uma semana depois estava de volta, sem nenhuma
carta. Também andava quieta; estava bastante silenciosa. "Vai entender as aves...", pensava Harry, enquanto
sentava na cama. Ele observou o calendário, e viu que ainda faltavam
quinze dias até a sua volta para Hogwarts. Bufou só de
pensar que ainda tinha quinze dias de tortura para agüentar seu
primo Duda. Ouviu um ronco alto ecoar no quarto ao lado, e Harry supôs
que fosse de seu primo. Duda estivera engordando mais nessas férias
de verão; o regime que tia Petúnia estava fazendo para
o filho não estava adiantando nada. Duda estava mais mimado e,
a maioria do tempo, passava na casa dos amigos brincando, ou comendo,
como pensava Harry. Jogou-se na cama novamente, e percebeu que seu sono havia
dissipado. Então, resolveu adiantar as suas tarefas de férias;
o professor Snape havia mandado-o fazer uma redação enorme
sobre poções de cura e já fazia semanas que Harry
estava a escrevendo. Ele estava tomando o máximo de cuidado para
não errar em nada; afinal, qualquer vírgula ou ponto em
lugar errado era motivo de Snape descontar pontos de sua nota. Debruçado no chão, com o pergaminho de sua
redação estendido e o livro aberto ao lado, ele começou
a escrever a existência de inúmeras poções
de cura e como foram descobertas. Sentia-se um tanto incomodado ao pensar
nos ingredientes exóticos que foram usados para fazer essas poções:
asas de morcego, pêlos de murtiscos, escamas de salamandras...
E fez uma careta quando viu que uma certa poção era feita
com estrume de dragão. "Céus", ele pensava, "Será
que Snape tem isso no seu estoque particular? Eu que não gostaria
que ele abrisse um pote no meio da sala de aula para infestá-la
com o cheiro horrível de... estrume de dragão!". De repente, interrompendo os seus pensamentos, uma corujinha
pequena, do tamanho de uma bola de tênis, entrou em seu quarto,
em vôo rasante, atrapalhando a sua concentração.
Harry esquecera a sua janela aberta devido ao imenso calor que estava
fazendo durante aquele verão. - Píchi! - ele disse, enquanto pegava uma carta
que ela havia depositado em cima da cama. - Edwiges?! - Edwiges voava
logo atrás da corujinha, e não trazia nada consigo. Voltou
para a sua gaiola quieta, sem fazer barulho; muito diferente de Píchi,
que piava alto demais, enquanto apoiava-se em cima da cabeceira. O barulho
da coruja foi o suficiente para Harry depois ouvir os passos apressados
do tio Válter ressoar pelo corredor, enquanto as luzes acendiam. A porta abriu num baque, e Harry já havia despachado
Píchi que, percebendo que estava atrapalhando, subiu até
o telhado da casa, enquanto esperava Harry chamá-la novamente. - O que pensa que está fazendo, seu moleque? -
tio Válter resmungava nervoso, de pijama. Os olhos deles estavam
meio esquisitos; afinal, ele tinha acabado de acordar. Seus bigodes
estavam arrepiados e sues lábios estavam crispados. - Desculpe... - Harry pediu, enquanto sacudia a carta
que estava em suas mãos. - É que meu padrinho, Sirius...
ele acabou de enviar uma carta, sabe? Válter resmungou algo inaudível, enquanto
olhava com fúria para o sobrinho. Ele respirou fundo, e finalmente
falou, apontando o dedo para Harry: - Que isso não se repita! Eu tenho que acordar
cedo, portanto, peça para que seu padrinho trate de enviar cartas
via correio normal. Ou então, se ele ficar mandando através
destas... destas... - e olhou para Edwiges, que permanecia quieta dentro
de sua gaiola. - ...aves malucas, que ele saiba mandar em horários
apropriados! - OK. - foi tudo o que Harry conseguiu dizer, logo depois
de ouvir a batida da porta de seu quarto com força, e as luzes
dos corredores serem apagadas. Harry correu até a sua janela e pediu para Píchi continuar por ali em cima. Não queria arranjar mais confusão com os tios. Ele abaixou o vidro e certificou-se de que os Dursley voltaram a dormir para depois, abrir a carta de Rony. "Harry Era essa notícia que Harry estivera esperando durante
todas as suas férias. Dumbledore não permitiu que ele
ficasse todo esse tempo na casa dos Weasley; ele devia ter lá
as suas razões. Voldemort, o Lord das Trevas, voltara, e na certa,
estava tomando providências para que ele não causasse mais
pânico entre o mundo dos bruxos. Harry despachou Píchi, dando a resposta de agradecimento
a Rony e voltou para a sua redação. Esteve tão
concentrado nela que, quando se deu conta, já tinha amanhecido.
Ouviu a correria do tio Válter pelo corredor e as batidas fortes
de tia Petúnia em sua porta, para acordá-lo.Rapidamente,
ele se levantou e tratou de guardar seus pertences. Vestiu-se e desceu
para seu café da manhã. A surpresa naquela manhã de sexta-feira, foi que o telefone tocara. Nunca o telefone tocou tão cedo. Tio Válter levantou-se da mesa e foi atender. Harry até tentou dar uma espichada para espiar; podia ser os pais de Hermione. Afinal, eles eram trouxas e, como dizia Rony, e não haveria problemas se ligassem para os Dursley. Porém, tia Petúnia o obrigou a continuar
a fritar os ovos, e não conseguiu sequer ouvir a conversa, por
causa dos berros de Duda, reclamando de sua cenoura crua picada. - Meu filhinho, não se preocupe que a mamãe
vai te dar um ovo frito para acompanhar! - tia Petúnia dizia,
tentando acalmar o filho. A dieta de Duda estivera atrapalhando até mesmo
os estudos de Harry. Quantas vezes ele tinha que parar de escrever por
causa dos escândalos absurdamente exagerados do primo? E Harry
certamente estava sobrevivendo através dos docinhos e salgados
que recebia dos amigos via coruja. Fora os bolos que ganhara de aniversário.
Ele não iria suportar dois meses comendo folhas e batatas cruas. Tio Válter voltou à cozinha depois de quase
dez minutos, e sentou-se, encarando o sobrinho. Tinha uma expressão
estranha no rosto; Harry não pôde distinguir do que se
tratava. Depois de enfiar uma torrada na boca, ele finalmente fala: - Sabe quem ligou agora, Harry? - Não... - respondeu o garoto, desconfiando de
quem era. - Um tal de Granger... - ele sibilou. Seus bigodes levantaram,
e suas sobrancelhas entortaram. - Me admira muito que alguém
da sua laia, ainda tenha tamanha educação... - E... - Harry engoliu seco. - .. o que o Sr. Granger
queria? - Ele me pediu permissão para vir te buscar no
domingo de manhã para passar as férias... com seu amiguinho...
- ele respirou. - De carro. Petúnia abriu a boca e logo a cobriu com as mãos.
Duda permaneceu quieto, mas estava bastante acuado. - E eu posso ir? - Harry perguntou, colocando os ovos
fritos nos pratos. - Eu dei permissão a ele com uma condição!
- ele apontou o dedo indicador na cara do sobrinho. - Desde que sejam
civilizados e não venham chamar a atenção dos outros
vizinhos. Que ajam como gente... normal! - Mas eles são troux... - Harry parou de falar.
- ...quero dizer, normais... - Foram educados no telefone. - comentava o tio Válter,
enquanto passava os dedos em seus bigodes. - E espero que sejam mais
ainda quando vierem buscá-lo! Harry sorriu. Seu tio percebeu isso, e Duda fez uma cara
feia para o pai. Petúnia continuava imóvel. - Vá, saia da minha frente! - tio Válter
resmungou para Harry. - Suba lá para seu quarto e não
me perturbe até a manhã domingo! Largando os pratos de ovos na mesa, Harry subiu as escadas tão rápido que em questão de segundos, já estava em seu quarto. Pegou alguns doces que estavam debaixo da tábua solta do assoalho e enfiou tudo na boca, com fome, e com uma imensa alegria de saber que estaria de volta à Toca, longe de seus tios. * * * A sexta-feira e o sábado passaram tão rápido que Harry mal pôde acreditar. Dentro de poucas horas, ele estaria longe dos Dursley, e iria passar o resto das férias na casa de seu amigo Rony, junto com Hermione. Suas malas já estavam feitas, e Edwiges também estava tranqüila, quieta em sua gaiola. Ele pegou seus livros e pergaminhos, e mais a sua Firebolt. Tinha preparado tudo e deixara a bagagem na sala de estar, perto da porta. Estava vestido com as roupas largas de Duda, e ficou esperando os Granger chegarem. Logo, tio Válter e tia Petúnia também
os aguardavam na sala. Duda estava acuado, atrás de seu pai,
com medo do que estaria por vir. As nove em ponto, eles ouviram um carro
parando na Rua dos Alfeneiros, em frente ao número 4 e, um minuto
depois, a campainha tocar. Meio inseguro do que estaria por vir, Válter
abre a porta e se surpreende com um homem alto, vestido com uma camisa
de linho e uma calça branca. Naquele instante que Harry o viu,
lembrou Hermione dizendo que seus pais eram dentistas. Mas em pleno
domingo, com uniforme de trabalho? - Bom dia, sr. Dursley! - ele estende a mão para
cumprimentá-lo. Permaneceu assim, até que, com muito receio,
o sr. Dursley estendeu a mão e o cumprimentou. - Eu sou o pai
de Hermione, amiga de Harry. Vim buscá-lo, conforme o combinado.
- e avistou Harry. - Olá, Harry! Suas malas estão prontas? Harry acenou positivamente. O Sr. Granger pegou as malas
pesadas e abriu o porta- malas do carro. Válter ficou aliviado
ao ver que se tratava de um carro normal; era de cor prata e, a julgar
pela marca, ficou bastante impressionado. Hermione acenava de dentro
do carro para Harry. Sua mãe, uma mulher de cabelos claros e
cacheados também sorriu para ele, enquanto levava a gaiola de
Edwiges. Tia Petúnia rodeava com os olhos para todos os lados;
não queria que ninguém visse o sobrinho carregando uma
gaiola com uma coruja branca dentro. - Peço desculpas, sr. Dursley, - o pai de Hermione
voltava à porta, observado atentamente por Válter, sua
mulher atrás dele e Duda, de longe, com as mãos no bumbum.
- Eu vim com o uniforme de trabalho porque tenho uma consulta com um
cliente daqui a pouco... Eu sei que é domingo, mas o rapaz insistiu
que fosse atendê-lo hoje. - Certo... - ele respondeu, incrédulo. - E... o
que o senhor faz? - Sou dentista! - e sorriu, mostrando seus dentes retos
e brancos. - Ora, vejam só... Achei que gente de seu tipo
usasse a magia para consertar tudo... Até mesmo dentes! - debochou
Válter. Harry observou o tio e o encarou. O sr. Granger, no entanto,
não pareceu ofendido. Ele sorriu novamente e respondeu: - Gente do meu tipo? Oh, não, não pertencemos
a famílias de bruxos. Apenas minha filha Hermione que freqüenta
Hogwarts! - tio Válter agora parecia que ia explodir por ter
que ouvir essa palavra: o nome da escola do sobrinho. - Somos trouxas,
como vocês... Não é assim que os bruxos nos chamam?
- Harry fez força e tentou rezar para que o pai de Hermione não
falasse mais nada que tivesse relação à magia.
Mas... "Quando recebemos a carta, levamos um susto",
continuou o sr. Granger. "Não sabíamos da existência
desse mundo da magia. Mas quando minha filha começou a fazer
as primeiras mágicas... Bem, foi duro nos acostumarmos. Bem,
sabe, ela parece bastante feliz, e isso me deixa satisfeito. E quanto
a vocês?" De repente, Hermione, vestida com uma roupa de trouxa
normal, uma blusinha e uma calça jeans, surge e puxa o pai para
longe dos Dursley pelo braço. Meio sem entender, ele se afasta
e acena um tchau para eles. Harry, que nem vira a amiga saindo do carro
(ele estivera tapando os olhos com as mãos, evitando encarar
os rostos de ódio dos tios), logo percebe que já está
dentro do carro, ao lado de Hermione no banco de trás. - Eu nem vi você sair do carro... - ele comentou,
quando este já estava sendo ligado. - Saí logo que percebi quando seu tio começou
a ficar nervoso... - Hermione riu. E falou para o pai: - Pai, os tios
de Harry não gostam nem um pouquinho quando falamos do mundo
da magia... De Hogwarts e tudo mais... Harry viu a expressão de consentimento do sr. Granger. - Me desculpe, Harry... eu não sabia... - Tudo bem... Não se preocupe. - Hermione fala muito de você, Harry. Está
gostando da escola? - Bastante! - Harry sorriu, encabulado. - Espero que vocês se divirtam no resto das férias,
que passarão com seu amigo Rony. - a mãe de Hermione agora
se pronunciava. - Nós levamos Hermione no ano passado até
a casa dele, e achei que não seria problema se desse carona para
você também, Harry! - Er... obrigado. - Harry agradeceu. O carro começava a andar, e Harry via a cara de
nervoso do tio ficando para trás. Ele passou pela Rua dos Alfeneiros
e Harry notou que a Sra. Figg, a quem sempre ficava na casa dela quando
os tios saíam, estava do lado de fora, cuidando de um de seus
gatos. Ela olhou para Harry e acenou. Ele sorriu de volta, embora quisesse
ficar bem longe da casa dela também (a casa dela fedia a gato!).
Finalmente, ele virou-se para frente, e sentiu-se mais
feliz. Em pouco tempo, estaria na casa de seus amigos de verdade: os
Weasley.
*§*YuMi
DeAth*§* |
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