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Capítulo 20 - O estranho portal Era óbvio que Hermione havia tomado algumas broncas
da Profa. McGonagall. Mesmo que tentasse disfarçar, ela mantinha-se
firme em seu cargo e, desta vez, mais severa do que nunca. Harry e Rony não conseguiam sequer chegar a conversar
com ela; agora estava mais rígida e responsável. Rony
chegou até a comentar com Harry que ela estava pior do que seu
irmão Percy. Não eram somente os dois que tinham essa opinião;
a Grifinória inteira não concordava com as reações
de sua monitora; pensaram até em fazer algum tipo de protesto
para afastá-la do cargo. Sabendo que isso jamais daria certo,
a turma se aquietou. No entanto, Hermione não possuía
mais o mesmo apoio que tinha antes; estava sozinha, e não conversava
com mais ninguém. Usava a boca apenas para dar broncas e mandar
nos alunos. Resumindo, ela se tornou a aluna mais insuportável
que existia em toda a Grifinória. Os treinos de quadribol, que voltaram com tudo, ajudaram
Harry a ocupar o seu tempo e evitando os encontros com Hermione pelos
corredores. Toda vez que encontrava com ela, ele recebia milhares de
reclamações e exigia explicações de o porquê
ele não estava se preparando para os N.O.M's. Então, ele
preferiu não se encontrar com ela, que ter que discutir todas
as vezes que isso acontecia. Íris nunca mais se mostrava em público;
dificilmente ela saía do Salão Comunal da Sonserina, e
até Ícarus estava estranhando a atitude da irmã.
Uma vez, durante o treino de quadribol, Ícarus estava desanimado,
e Harry perguntou para ele o que estava acontecendo. O garoto disse
que Íris não queria nem mais falar com ele; ela o evitava
nos corredores e sempre o dispensava, quando este tentava algum contato
com a irmã; às vezes, na própria entrada da Sonserina.
Eram estranhos esses atos, mas Harry não procurou saber o que
estava acontecendo com Íris. Ele possuía problemas demais
para se preocupar. Lupin não estava mais em Hogwarts; este tinha voltado
ao Ministério para tentar ajudar no que puder nessa volta de
Voldemort. Harry também não se preocupava tanto com ele,
na verdade, ele queria era saber notícias de Sirius. O fato de Sirius Black estar preso não chamava
mais a atenção de nenhum bruxo; a essa altura do campeonato,
os bruxos ficaram amedrontados demais com o retorno do Lord das Trevas.
Estavam preocupados com os seguidores que estavam soltos, e não
os que estavam presos. Porém, as únicas notícias
que Harry tinha de seu padrinho era que ele ainda continuava em Azkaban.
Quando o fim do ano chegou e os alunos iriam passar o
Natal na casa de seus pais, Harry reparou na quantidade de pessoas que
tinham ficado no castelo. Praticamente, a escola inteira estava saindo
de Hogwarts. Na certa, o ataque dos Comensais da Morte durante o jogo
de quadribol não deram muitas graças à Escola de
Magia. Pais desesperados que escreviam aos seus filhos depois daquele
dia de confusão fez Harry concluir que ninguém estava
achando Hogwarts um lugar muito seguro. Harry contava que Hermione iria para a Bulgária
no Natal, visitar Vítor Krum. Pelo menos, ele não levaria
mais sermões da amiga, que com certeza iria obrigá-lo
a passar o Natal inteiro estudando para os N.O.M's. No entanto, depois que o trem partiu e Harry ficou com
Rony, no Salão Comunal da Grifinória jogando xadrez, Hermione
passa por eles, lançando o pior olhar que ela poderia fazer. - O que pensam que estão fazendo? - Mione? - Harry espantou-se. - Você não
ia para a Bulg... - Eu tenho obrigações muito importantes
a cumprir do que viajar para a Bulgária! - justificou Hermione.
- Não acredito! Você desistiu do Krum pra
ficar dando ordens para a gente? - caçoou Rony. - Minha função como monitora vale mais do
que visitar Vítor Krum. - disse Hermione. - Viajar para a Bulgária
eu posso fazer nas férias de verão. - Não acha que está exagerando um pouco,
Mione? - Harry perguntou. - Afinal, aqui em Hogwarts não ficou
muita gente para monitorar. Veja só: da Grifinória, só
ficaram nós, Fred e Jorge e alguns alunos do primeiro e segundo
ano. - Mesmo que ficasse só você, Harry! - ela
retorquiu. - Portanto, acho que vocês deviam aproveitar esse tempo
para se prepararem para os exames. Em vez disso, estão jogando
xadrez! - Estamos de férias! - Rony disse com veemência.
- Nas férias também temos obrigações
a cumprir! - Eu não vou ficar estudando só porque você
quer! - reclamou Rony. - Não pense que... Harry levantou-se. Sem dizer nada, ele saía em
direção ao retrato da Mulher-gorda. Rony e Mione ficaram
a observar, até que Rony disse: - Aonde você vai, Harry? - Vou à biblioteca. - ele respondeu. Hermione sorriu,
mas logo, seu sorriso se desfez: "Vou estudar para esse maldito N.O.M's. Assim, quem sabe, Mione pára de encher o saco." * * * Harry estava próximo a biblioteca. Caminhando
devagar, ele ainda esperava que ou Rony ou Mione viesse atrás
dele. Porém, não ouvia passos de ninguém; pensou
que os dois deviam ainda estar discutindo. Mas a biblioteca não
era um lugar aonde Harry queria estar; na verdade, ele nem sabia para
onde ir. De uma certa forma, algo estava o conduzindo para lá. A porta da biblioteca era logo adiante. Harry, viu uma
luz clara vindo de lá; não era a iluminação
comum que vinha da janela; era algo mais forte. De repente, ele sentiu
aquilo que não gostava de sentir: a sua cicatriz começou
a arder. Para ele, isso era estranho; estava dentro de Hogwarts, e imaginar
que Voldemort estivesse por por perto o assustava. A luz de dentro da biblioteca tornava-se intensa; e algumas
vozes podiam ser ouvidas de dentro. Apesar da dor, Harry fez um esforço
tremendo para tentar entender o que as pessoas diziam. Tornou-se mais
claro para ele, quando ele ouviu os gritos conhecidos da Profa. Lies: - PÁRA COM ISSO! PÁRA! Com a mão sobre a cicatriz, Harry se aproximou
mais. - Venha, Lies! Você não tem escolha. - uma
voz fria dizia. Harry teve a impressão que já a ouvira
antes. Não era a voz de Voldemort. - ME DEIXE EM PAZ, AVERY! - Lies gritava mais uma vez. Harry precisava correr, mas suas pernas estavam travadas;
era tortuoso seguir o caminho, mas de alguma forma, ele precisava chegar
até lá. - Não ouse a desafiar nosso mestre! - Avery dizia.
- Não o desobedeça! Com as mãos apoiadas na beirada na porta, Harry
viu Avery. No canto, estava Madame Pince, desacordada e jogada no chão.
Avery não estava de capuz, mas os cabelos loiros
eram idênticos ao de seu filho Ícarus. A máscara
negra ainda cobria o seu rosto, e ele apontava uma varinha em direção
a Lies. Ela estava segurando a cabeça com as duas mãos
e fechava os olhos com força, dando a impressão de estar
sendo torturada mentalmente. Gemia de tanta dor. Aquilo não era
o feitiço Cruciatus. Parecia pior. - Venha, Lies. - Avery aconselhou, enquanto estendia a
outra mão para a professora de Defesa Contra Arte das Trevas.
- Acabe com essa tortura e venha comigo! Uma luz estranha emanava atrás do pai de Íris;
era como se fosse uma entrada para um outro lugar! Ele podia reconhecer
o outro lado daquele portal: era o cemitério que estivera ano
passado, quando enfrentou Lord Voldemort, aonde ele e Cedrico haviam
sido transportados quando tocaram na Taça Tribruxo. Atrás do Comensal, do outro lado do portal, havia
alguém, com a varinha empunhada em mãos. Harry não
sabia quem era, mas reconheceu que essa pessoa usava vestes de Hogwarts.
A visão estava embaçada, por mais que ele se esforçasse,
não conseguia distinguir quem era. O portal se expandiu; a luz ficou mais forte, e Harry
teve que proteger um pouco os seus olhos para continuar observando-os. - PARE COM ISSO! - Lies se contorcia. Ela deu um tapa
na mão do pai de Íris, recusando a ajuda para se levantar.
- NÃO IREI A LUGAR NENHUM COM VOCÊ! Com um certo esforço, Harry conseguiu pegar a sua
varinha e apontá-la discretamente para Avery. Quase em um gemido
de dor por causa da sua cicatriz, Harry conseguiu dizer: - Expeliarmus! A varinha do Comensal voou em sua direção,
mas Harry estava sofrendo demais e não conseguiu pegá-la.
Avery olhou para Harry, mas não tinha reação nenhuma.
Ele ia avançando em passos lentos, direcionados ao garoto, agora
jazendo no chão. - Maldito Potter! - disse. Harry tinha consciência e via o Comensal de aproximando
dele. Mesmo segurando a varinha, ele não conseguia se mexer.
Avery pegou a sua varinha de volta, que estava próxima da dele.
Precisava reagir de alguma forma. - O mestre ficará contente se você me acompanhar,
Potter! Imobilizado, ainda podia ouvir os gritos de dor da Profa.
Lies. Se ele fosse bastante rápido, podia acabar com tudo naquele
momento. Ele apertou a varinha em sua mão, pensando como poderia
escapar daquilo. Mas não precisou de tanto esforço; alguém
estava vindo na direção da biblioteca: seja quem for,
corria apressadamente. Não dava para esconder os gritos de Lies. - AVERY! - Harry ouviu a voz de Snape por trás.
- O que pensa que está fazendo? O garoto respirou aliviado. Por mais que detestasse o
professor de Poções, ele não podia desejar mais
a presença dele do que naquele momento. - Ah, Snape! - Avery continuou calmo. - Vejo que você
também poderá desfrutar do nosso momento de glória!
"Momento de glória?", pensou Harry, confuso.
"Avery não está com medo do Snape?" - Nosso mestre ficará satisfeito com isso, Snape!
- Avery continuou. E para o desespero de Harry, Snape permanecia imóvel.
- SAIA DAQUI, SEVERO! - Lies gritou. Harry virou para trás e viu Snape, que olhava a
Profa. Lies sofrendo. Ela o encarava e se encolhia ao mesmo tempo. Snape
cerrou os punhos, mas não se mexeu. - O que você está fazendo com ela? - Snape,
sem tirar os olhos de Lies, perguntou ao pai de Íris. - Milorde tem planos para ela... - disse Avery. - Mas
parece que ela não quer concordar com isso. - Solte-a! - mandou Snape severamente. - O quê? - Solte-a, Avery! Avery soltou uma gargalhada. - Mesmo que eu quisesse, não poderia! Harry observava os dois se encararem. De vez em quando,
Snape postava seus olhos em Lies. Estava estampado o seu sofrimento;
talvez a teoria de Gina estivesse certa. O professor de Poções caminhou em direção
a Lies. Ela ainda gritava, desesperada: - SAIA DAQUI, SEVERO, SAIA! Snape olhou para ela e ergueu a sua varinha: - Finite Incantatem! Esse feitiço não fez com que Lies parasse
de ser torturada. Agora, ela arfava, e gritava mais do que nunca, e
sua dor parecia ter aumentado. Snape olhou furiosamente para Avery e
disse: - Que feitiço você usou nela? - Não sou eu, Snape! O mestre que está fazendo
isso com ela! Snape crispou seus lábios. Então, somente
naquele instante é que ele dirigiu-se para o portal. Parado diante
dele, ele vigiava por dentro, procurando algo ou alguém. - Por que se preocupa tanto com ela, Snape? - disse Avery,
ainda firme com a varinha apontada para Harry. - Não aprova os
atos do nosso mestre? Harry teve o ímpeto de se levantar quando o pai
de Íris se distraiu, observando Snape. Arriscando sua própria
vida, Harry pegou sua varinha e, com força, e apontou a sua em
direção ao Comensal. - Petrificus... totalus! - Harry disse,
pausadamente. O Comensal ficou com o corpo rígido, em pé,
e caiu quase desfalecido no chão. Snape olhou em sua direção. - Saia daqui, Potter! - disse Snape. - Vá embora! - Não! - respondeu Harry. Desta vez, a dor de sua
cicatriz já não era tão intensa, pois a raiva o
havia dominado. Ele empunhou sua varinha em direção ao
professor. - O que pensa que está fazendo, Potter? - Snape
indagou. - O Senhor... - Harry caminhava em sua direção.
- O senhor ainda age como um Comensal da Morte! - Como é? - DUMBLEDORE CONFIA NO SENHOR! - Harry brandiu. - COMO
OUSA A TRAIR A CONFIANÇA DELE? - Como ousa você, Potter, a me desafiar? Sentindo um ódio descomunal, Harry fez menção
de avançar, mas sentiu um feitiço em suas costas: - Crucio! Harry sentiu o feitiço Cruciatus dominar o seu
corpo. Já tinha sentido esse feitiço, e a dor comprimia
o seu corpo e se completava com a sua cicatriz, que não parava
de arder. Largou a varinha imediatamente e virou para certificar-se
quem mandara esse feitiço. Avery apontava a varinha em sua direção,
e seu braço não parava de tremer. Ele ofegava, tamanho
era o seu esforço para vencer o feitiço que Harry havia
lançado sobre ele. Agora, Avery se arrastava em direção ao
portal e Harry não podia fazer nada. Snape ainda mantinha-se
parado, e não fazia nada para ajudá-lo. Viu o pai de Íris
alcançando o portal e entrando nele, para em seguida, fechá-lo.
Sua cicatriz parou de arder naquele instante, e agora, a única
dor que sentia era da Maldição Imperdoável. Lies parou de gritar. Porém, ela se largara no
chão, e transpirava ofegante. Snape aproximou-se de Harry, e
apontou a sua varinha a ele. Harry fechou os olhos, e estava pronto
para ser derrotado. - Finite Incantatem! Snape cancelou o Cruciatus. A dor sobre seu corpo sumiu,
e ele voltava ao normal. Levantou-se do chão e viu que o portal
já não estava mais ali. E nem mesmo, o pai de Íris
e o aluno que estava do outro lado não se encontravam mais na
biblioteca. Alguns passos vinham apressados de fora. Harry viu a Prof.
McGonagall e Dumbledore aparecerem na porta. - Meu Deus, o que foi que aconteceu? - McGonagall mantinha
a mão sobre o peito, devido ao susto que levou ao ver a biblioteca
toda bagunçada. Lies recobrava a consciência e, com a ajuda
de Snape, ela se levantou. - Diretor, eu posso explicar! - Lies se adiantou, ainda
meio zonza. - Eu... eu tentei avisar... Dumbledore levantou a mão, em sinal de silêncio.
O diretor observou a sua volta, e fixou seu olhar em Snape. Harry resolveu
se pronunciar: - Prof. Dumbledore! Snape... o prof. Snape é um
traidor! - Não me difame, Potter! - Snape parecia furioso.
- Você não sabe o que está dizendo! - Eu vi o senhor conversando com o pai de Íris!
- acusou Harry. - Vocês dois... eu o ouvi dizendo algo como "nosso
mestre"... Dumbledore encarou o professor de poções.
Estava sério, mas não disse nada. McGonagall ainda estava
paralisada; apenas rodeava com os olhos por toda a biblioteca. - Eu senti a presença de Arte das Trevas. - disse
finalmente Dumbledore, passando os olhos de Harry a Profa. Lies. - Por
isso corri para cá. Parece que eu não estava errado... Harry não compreendia aonde Dumbledore queria chegar.
No entanto, ele esperava que o diretor tivesse acreditado nele; Snape
ainda servia Voldemort. - Prof. Snape e Sr. Potter, me acompanhem até a
minha sala. - disse o diretor. - Não, professor, ele... - Harry! - interrompeu Dumbledore, anormalmente sério.
- Resolveremos isso em minha sala. - e virou-se para McGonagall. - Minerva,
ajude Kehara e Madame Pince. Levem-nas para a ala hospitalar. - Mas, diretor... - Kehara contrapôs. - Eu estou
bem, eu... - Deixe que eu cuide do resto. - Dumbledore pôs
um ponto final da conversa. - Eu preciso esclarecer algumas coisas com
os dois.
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